Entenda aqui as diferenças entre um processo de compostagem e o que as máquinas de compostagem em 24h prometem!
A compostagem é um processo aeróbico!!! É um processo benéfico e uma maneira inteligente de reciclar nutrientes a partir de resíduos. A compostagem aeróbica é um processo natural, onde bactérias, fungos e outros seres vivos fazem o trabalho de decompor compostos orgânicos, como restos de comida, restos de jardim, fibra de madeira, entre outros.
Esses microorganismos fazem esse trabalho há centenas de milhões de anos sendo um processo muito eficiente e confiável. Eles fornecem esse serviço ecossistêmico de graça (bem, eles recebem alimentação e boas condições de vida!).
No entanto, um ponto importante é que esses organismos levam, necessariamente, certa quantidade de tempo para realizar seu trabalho.
Segundo a Universidade de Cornell, nos Estados Unidos (Cornell University) (LINK), os estágios iniciais da compostagem (Termofílicos e Mesofílicos) requerem um período mínimo de 10 a 20 dias, dependendo do processo, para serem concluídos, mesmo sob condições ideais. Estes são apenas os estágios iniciais, após, ocorrem a fase de cura, realizada principalmente pelos fungos, fase essas que pode levar de semanas a vários meses.
POR QUE A COMPOSTAGEM REQUER TEMPO?
Quando vemos anúncios de fornecedores de equipamentos que afirmam concluir um processo de compostagem em 24 horas ou mesmo de 3 dias a 5 dias, conhecendo todo o processo, somos naturalmente céticos. Com base em tudo o que sabemos sobre compostagem, os microrganismos responsáveis pela compostagem simplesmente não funcionam tão rápido.
Alguns equipamentos empregam grande quantidade de energia térmica (calor) para desidratar resíduos sólidos orgânicos (alimentos) em um curto período de tempo, este não é um processo de compostagem e o produto gerado não é composto orgânico.
Trata-se de um processo de desidratação que produz resíduos de alimentos desidratados.
PRÉ-TRATAMENTO DE RESÍDUOS X COMPOSTAGEM
Queremos deixar claro que um desidratador comercial de resíduos alimentares que anunciam compostagem em dias, não são a mesma coisa que um sistema de compostagem aeróbica.
O Conselho de Compostagem dos EUA (USCC) refere-se a sistemas como estes como desidratadores comerciais de resíduos de alimentos, classificando-os como um tipo de sistema de pré-tratamento de resíduos.
A Universidade Loyola Marymount, nos Estados Unidos (LMU), publicou um estudo interessante na revista Biocycle, que mostra o que acontece quando os resíduos de alimentos desidratados são misturados com resíduos verdes em várias proporções e aplicados à paisagem.
Basicamente, eles observaram que, uma vez que o resíduo de alimentos desidratados quando reidratado, reinicia um processo de compostagem no local, prosseguindo para um novo ciclo de degradação.
O estudo revelou que as amostras de resíduos de alimentos desidratados não processados não eram adequadas como para o tratamento do solo no campus da LMU. A reidratação dos resíduos orgânicos produziu grandes quantidades de fungos, um resultado não aceitável para o tratamento de solos pré plantio.
Embora a desidratação de sobras e resíduos de alimentos possa ser um bom primeiro passo em direção à sustentabilidade, desde que bem avaliado o impacto do ciclo de vida do processo e do alto consumo energético, é necessário um processamento posterior desse material antes que ele usado para uma correção do solo ou para outro propósito similar.”
QUAL O USO DOS DESIDRATADORES?
Um desidratador de resíduos e sobras alimentares pode ser muito útil, pois reduz o peso e o volume de resíduos alimentares em um curto período de tempo.
Isso pode ser benéfico em aplicações específicas como diminuição de resíduos mandados para aterros sanitários, economia de combustíveis fósseis para o transporte de resíduos.
No entanto, esses tipos de sistemas podem ter:
Maior consumo de energia elétrica: É necessária uma quantidade significativa de energia para desidratar rapidamente uma matéria-prima com 70-90% de umidade em um período de 1-5 dias. Essa energia geralmente vem da queima de combustíveis fósseis (no Brasil a fonte de energia predominante são as usinas termoelétricas). Com a compostagem natural, os microorganismos produzem esse aquecimento sem custo, sem necessidade de combustíveis fósseis ou fontes externas de aquecimento.
Custos mais altos do sistema. Em parte, devido ao aquecimento externo e à moagem fina das sobras de alimentos, os custos de um sistema de desidratação em toneladas são mais altos do que sistemas de compostagem.
Reivindicações duvidosas. Diversos fornecedores de equipamentos do tipo afirmam que um processo de desidratação é um processo de compostagem. Isso, em nossa opinião, é enganoso, esta afirmação soa como um caso clássico de “greenwash”, ou seja, um processo que parece ambientalmente amigável, porém é tão sustentável quando ou até menos que processos convencionais.
Nós acreditamos que o nome correto para estes produtos seria desidratadores de resíduos.
“Se parece bom demais para ser verdade, provavelmente é bom demais para ser verdade”.
Portanto, se você está comprando uma tecnologia de compostagem e deseja realmente produzir um composto orgânico, recomendamos que você tenha cuidado com os fornecedores que afirmam que podem concluir um processo de compostagem aeróbica em um período de 1 a 7 dias.
Essas alegações estão em desacordo com os estudos sobre a biologia da compostagem.
Título original: CAN YOU REALLY COMPOST IN ONE DAY?
Crédito: Artigo adaptado originalmente publicado por Green Montain Technologies, escrito por Dan Calvez.
Adaptado Por Felipe Pedrazzi e Thiago Cacuro do site (https://www.fazverde.com.br/compostagem-rapida/)
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